segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um baiano em Lyon

Filipe Frossard Papini
@BrasiLyonnais / @FilipeDidi


“É ele quem me dá mais trabalho, o pequeno brasileiro. Ele é baixinho, dribla todo mundo e é muito rápido”. As aspas são de Mahamadou Diarra, experiente volante que está sem clube e treinou com os reservas do Lyon durante a pré-temporada. Se referia ao brasileiro Fernando "Baiano" Amorim, meia de apenas 16 anos que até o início do ano atuava no Internacional, teve problemas com o clube colorado por não querer renovar o contrato e perdeu a possibilidade de disputar o Sul-Americano Sub-17, em fevereiro, por causa disso. Em agosto assinou com o clube francês por cinco temporadas.

A negociação não ocorreu de uma hora para outra. Para conseguir a oportunidade, Fernando passou por um mês de testes, e também encantou o diretor da célula de recrutamento de jovens do clube, o ex-atacante Florian Maurice. “Ele é muito rápido com a bola nos pés e tem uma vivacidade inacreditável”. O meia, que antes passou por testes em outros clubes europeus, foi aprovado, e apontado na revista “But! Lyon” como o “novo Neymar”. Já joga entre garotos de 20 anos no CFA e teve duas oportunidades de treinar com o time principal.

Quem comandou todo esse processo foi o empresário David D´Affonseca, que, assim como Fernando, é baiano. Residente em Paris, ele tem um escritório que gerencia a carreira de alguns jogadores, o “HD Football Talents”. O empresário afirma que o Lyon propôs um belo plano de carreira a Fernando, que gosta muito do clube e da cidade.

O pai de David, Herval, é advogado aposentado e amigo da família de Fernando e também participou da negociação. “Sou um quase faz-tudo. Advogado, orientador, amigo. O Fernando é um menino humilde e de família muito honrada. Assinou um belo contrato com um clube que também o vê como ser humano, e não apenas como mina de ouro. Ele merece ser feliz”, diz Herval. O meia, que é menor de idade, precisou emancipar-se judicialmente para assinar contrato com o Lyon e foi registrado com um dos cinco jogadores não comunitários do clube, o que mostra que o OL está realmente disposto a investir.

O episódio põe fim a um período de incertezas na vida do jogador que, de acordo com o advogado, teria sido forçado a assinar um contrato em branco com o Internacional antes do Sul-Americano Sub-17, e essa teria sido a razão da desconvocação. Desvinculado de qualquer clube ou federação no Brasil, Fernando agora busca esquecer de todos esses problemas e continuar a carreira de jogador.

A parte triste dessa história é que mais um jogador com potencial pode ter sido perdido pela seleção brasileira, que simplesmente o desprezou por questões contratuais e agora provavelmente não o tratará como possível convocável porque atua fora do país. Mas, enquanto o tempo não nos dá essa resposta, Fernando apenas entra para a estatística das promessas que deixaram o país sem sequer jogar uma partida como profissional.

FONTE: Olheiros.net



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