segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Com novo esquema, Lyon encontra jogo variável, mas elenco preocupa

Eduardo Madeira Junior.
@omadeirinha / EuropaFootball




Após cinco partidas, o Olympique Lyonnais voltou a vencer no Campeonato Francês com o triunfo por 2-0 sobre o Guingamp, em partida válida pela 12ª rodada. Assim como na derrota contra o Monaco, na jornada anterior, Remi Garde escalou seu time no 4-3-1-2, com um losango no meio-campo, e, com equipe praticamente completa, viu seus comandados apresentarem jogo mais variável.

Essa variação aconteceu porque o tripé de meias casou direitinho. Maxime Gonalons era o homem central, ficando mais fixo e chefiando a defesa; Steed Malbranque possuía o toque mais clássico, além de ser veloz nos avanços. Se por vezes lhe faltava perna, ocasionada pela idade, sobrava qualidade no passe; já Gueida Fofana mesclava força física, velocidade e bom chute.

Em outras palavras: três jogadores e três características diferentes que foram deveras úteis para o Lyon durante a partida. O OL controlou a faixa central por possuir atletas capazes de preencher o meio tanto ofensivamente, quanto defensivamente.

Além disso, contar com uma trinca de meias versáteis possibilitou maior liberdade a Clément Grenier, que vinha de partidas muito ruins e foi ao menos mais ativo diante do Guingamp, apesar de estar, reconhecidamente, bem abaixo do que pode render.

No ataque, ficou nítido o bom entendimento tático de Bafetimbi Gomis e Alexandre Lacazette. O Predador deixa muito a área, é sua característica apesar de não ser muito técnico. Com isso, sempre deixa um vácuo em seu habitat-natural. Lacazette, observando isso, preencheu esse espaço, como visto no primeiro gol, no qual era o homem mais avançado.

Por vezes, também, os dois homens de frente abriram pelos flancos, o que possibilitava o avanço de Grenier pelo centro, como o famoso “falso nove”. Essa variação aconteceu mais diante do Monaco, já que, contra o Guingamp, o camisa 7 se deslocou mais para a direita.

Além disso, um fator tradicional dos esquemas em losango foi preponderante para o triunfo lionês: as laterais. Como esse sistema tático tende a focar a faixa central, abre-se um clarão nos flancos, logo, torna-se necessária a presença ofensiva dos laterais e, contra o Guingamp, isso foi bem explorado pelo Lyon.

No lado esquerdo, principalmente, Henri Bedimo mostrou a que veio. Após atuações pouco convincentes desde que veio do Montpellier, o atleta teve ótima participação diante dos rubro-negros e foi peça fundamental no ataque.

Mouhamadou Dabo, por visíveis deficiências técnicas, subiu pouco e preocupou-se mais com a marcação. Com isto, Grenier e Lacazette puderam flutuar mais pelo flanco direito.

Bastou um ótimo primeiro tempo (e duas falhas tolas do adversário) para o Lyon fazer o resultado de 2-0, que seguiu até o final da partida. O OL pressionou muito durante os primeiros 25 minutos, criou muitas chances e, apesar do bom comportamento defensivo adversário, mostrou uma atitude não vista nas rodadas anteriores.




Só que o elenco é a maior preocupação de Remi Garde. O esquema em losango deu certo por contar com atletas específicos para cada posição, sem haver jogadores de características semelhantes entre os titulares. Foi necessária uma lesão para que tudo fosse desarticulado.

Gonalons sofreu entrada criminosa de Moustapha Diallo, que foi expulso, e deixou o campo lesionado, dando lugar a Jordan Ferri. Com isso, Fofana, que estava preocupado com providenciais avanços, atuou mais fixo na defesa, com Ferri, de características semelhantes à de Malbranque, atuando mais avançado.

No 11 contra 10, o Lyon não aparentava estar jogando um a mais, pois cedeu território ao Guingamp e não incomodou tanto a meta de Ndy Assembe.

E com isso fica a lição para Garde não se acomodar com o resultado, como costuma fazer. Não é porque o Lyon fez ótimo primeiro tempo no 4-3-1-2 que ele deve usar esse esquema todo jogo, já que, como fora supracitado, pro “3” do sistema, o técnico contava com três jogadores de estilos e aplicações em campo diferentes, o que lhe fornecia uma variação de jogo muito interessante.

Garde tem histórico de se acomodar após bons resultados imediatos e isto, para um técnico que trabalha com elenco curto e sem grandes valores individuais, nunca é bom. Lisandro López foi um dos que foi fritado pelo comodismo de Garde com um sistema tático. Por isso, é necessário que haja um entendimento do treinador que é necessário mexer no esquema quando as lesões lhe atrapalham. Falta material humano de qualidade, mas não falta elenco com atletas de variados valores individuais.

Na atual situação do Lyon, o importante é não se acomodar após bom resultado e atuação que apresente um horizonte agradável. A escassez do elenco não proporciona um conforto para Garde, tanto na questão dos jogos, quanto em sua situação de emprego.

Lopes está verde

Além de Gonalons, o Lyon perdeu o goleiro Anthony Lopes lesionado. Por volta dos 25 minutos da etapa inicial, o arqueiro lionês dividiu bola com o ataque do Guingamp e levou a pior, se contundindo e dando lugar a Mathieu Gorgelin.

Apesar de lamentarmos a lesão do atleta, fica uma lição para o português. A dividida se deu em um lance em que a saída da meta era absurdamente desnecessária, coisa rotineira para ele.

Hugo Lloris, quando ainda vestia a camisa do Lyon, também possuía o hábito de sair do gol em momentos errados, porém, eram em lances pontuais, como bolas na marca do pênalti e repletas de companheiros, onde sua permanência na meta lhe dava mais chances de defender. Com o tempo evoluiu e hoje, no Tottenham, pouco se ouve de falhas do francês.

Mas Lopes tem uma mania diferente: sai em todas as bolas, não importando quem está pela frente e a necessidade desse abandono de meta. Seus erros tem sido constantes e algumas vezes custam resultados, como quando saiu de forma aloprada no primeiro gol do Monaco na derrota por 2-1.

O português tem só 23 anos e só nesta temporada tem jogado constantemente. Está verde, não é maduro o suficiente para aguentar a barra da situação ruim do Lyon. Remy Vercoutre, que está retornando de lesão, deve ter sua volta adiantada caso essa contusão de Lopes seja séria. E isso, por linhas tortas, é uma notícia boa, pois Vercoutre não só tem mais cancha (além dos 33 anos, tem mais de dez anos no clube) como é um goleiro pronto. Admito que não acreditava no potencial do veterano quando Lloris foi embora, mas ele correspondeu no último ano e pode ser peça chave para a recuperação do Lyon nesta temporada.

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