sábado, 9 de setembro de 2017

Novo Lyon: com oito contratações, time não aposta mais tanto na base como antes

Filipe Frossard Papini
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Um elenco que outrora era recheado de promessas da base, agora conta com poucos nomes da casa e muito talento vindo de fora




Há alguns posts atrás, prometi que falaria um pouco mais sobre o mercado de transferências que o Lyon fez e encerrou na semana passada. Como descrito no título, Jean-Michel Aulas não mediu esforços e trouxe oito peças para o elenco, praticamente um time inteiro. O OL, que até algumas temporadas atrás, apostava fortemente em sua força vinda das categorias de base, agora se reforça com nomes de peso para conseguir dar conta do recado na Ligue 1 e, finalmente, conseguir validar um título de competições internacionais.

Mas há dois motivos para o presidente mudar um pouco essa filosofia. O primeiro deles é o alto nível competitivo que o Campeonato Francês desenvolveu nos últimos anos, principalmente impulsionado pelo dinheiro de PSG e Monaco, a organização do Nice e a grandeza do Olympique de Marseille. Um time que se abdicar de investir, naturalmente vai acabar ficando pelas tabelas e não vai abocanhar nenhuma vaga para Liga Europa ou Liga dos Campeões. O sarrafo vai subindo e ninguém quer ficar de fora, por isso é arriscado contar só com sua força interna. Buscar nomes fortes de fora tem sido a única saída plausível para, pelo menos, dar um respaldo de competitividade ao torcedor.




No caso do Lyon, especificamente, há outro fator em jogo. Desde quando acompanho o time (2006) e, consequentemente, me tornei torcedor pouco tempo depois, lia e ouvia as histórias que o clube poupava dinheiro para a tão sonhada construção do seu novo estádio próprio. E isso aconteceu da melhor maneira possível. O OL é o único clube francês que tem um estádio erguido por recursos próprios e isso começa a trazer um retorno financeiro de imediato, não só pelos lucros de renda de jogos, mas também pelos naming rights – vendido à seguradora Groupama – como também por não ter mais que segurar o cheque visando o investimento que já está de pé. Em outras palavras: o Lyon agora tem dinheiro e pode ir às compras.

Considerando tudo isso, somando as vendas que também efetuou na janela, o Lyon saiu mais rico do que entrou, mesmo pesando as oito compras. Isso se deve às 12 vendas efetuadas pela presidência, somando um total de €119,25 milhões, sendo que cinco delas foram a zero custo. Somando as oito compras realizadas, o OL gastou um total de €59,5 milhões, praticamente a metade do dinheiro que entrou em caixa. Isso significa que o Lyon pode voltar às compras em janeiro, caso o atual time não dê liga ou então entrar mais pesado ainda no término da atual temporada.

Com todo o contexto já explicando, vamos às mudanças:

SAÍDAS:
Mathieu Valbuena – 1,5 milhão de euros + 1 de bônus por desempenho (Fenerbahçe)
Corentin Tolisso – 41,5 milhões de euros + 6 de bônus por desempenho (Bayern de Munique)
Maciej Rybus – 1,75 milhão (Lokomotiv Moscou)
Emmanuel Mammana – 16 milhões de euros + 20% da próxima venda (Zenit)
Alexandre Lacazette – 53 milhões de euros + 7 de bônus por desempenho (Arsenal)
Maxime Gonalons – 5 milhões de euros (Roma)
Jordy Gaspar – zero custo (Monaco)
Rachid Ghezzal – zero custo (Monaco)
Chritopher Jallet – zero custo (Nice)
Fahd Moufi – zero custo + 20% da próxima venda (Tondela)


JOGADORES QUE FORAM EMPRESTADOS:
Nicolas N’Koulou – 0,5 milhão (Torino) – com opção de compra (não deve retornar)
Sergi Darder – zero custo (Espanyol) – com opção de compra (não deve retornar)
Maxime D’Arpino – zero custo (Órleans) – sem opção de compra
Aldo Kalulu – zero custo (Sochaux) – sem opção de compra
Olivier Kemen – zero custo (Gazélec Ajaccio) – sem opção de compra
Jean-Philippe Mateta – zero custo (Le Havre) – sem opção de compra
Gaëtan Perrin – zero custo (Orléans) – sem opção de compra
Romain Del Castillo – zero custo (Nîmes) – sem opção de compra




ENTRADAS:
Mariano Díaz (atacante) – 8 milhões de euros + 35% da próxima venda + opção de recompra durante os próximos dois anos (Real Madrid)
Pape Cheik Diop (volante) – 10 milhões de euros + 4 de bônus por desempenho + 15% da próxima venda (Celta)
Marcelo (zagueiro) – 7 milhões de euros (Besiktas)
Fernando Marçal (lateral esquerdo) – 4,5 milhões de Euros (Benfica/Guingamp)
Ferland Mendy (lateral esquerdo) – 5 milhões de euros + 1 de bônus por desempenho (Le Havre)
Kenny Tete (lateral direito) – 4 milhões de euros + 15% da próxima venda (Ajax)
Bertrand Traoré (atacante) – 10 milhões de euros + 15% da próxima venda (Chelsea/Ajax)
Tanguy N’Dombélé (volante) – 2 milhões de euros por empréstimo com opção de compra de 8 milhões + bônus de valores não divulgados (Amiens)


RETORNO DE EMPRÉSTIMO:
Clément Grenier (segundo volante/meia) – Roma
Louis N’Ganioni (lateral esquerdo) – Brest (para o Lyon B)




PROMOVIDOS DEFINITIVAMENTE DAS CATEGORIAS DE BASE E/OU TIME B:
Christopher Martins-Pereira (zagueiro/volante) – 20 anos
Houssem Aouar (meia) – 19 anos
Amine Gouiri (atacante) – 17 anos
Myziane Maolida (atacante) – 18 anos


TIME BASE:




CRISE INTERNA
Já recebi algumas perguntas questionando a saída de inúmeros nomes importantes do elenco, como Lacazette, Tolisso, Gonalons, Valbuena, etc. A grande verdade é que houve, sim, um racha no elenco do time não declarado publicamente. Com exceção de Lacazette e Tolisso que saíram devido às propostas irrecusáveis, boa parte dos demais não tinham mais ambiente dentro do clube – em especial o ex-capitão Gonalons – e ambas as partes optaram por uma rescisão. Ao que tudo indica, parte dos jogadores não gostariam da permanência do técnico Bruno Génésio no comando e, com a efetivação do professor, acabaram chegando a um acordo em busca de um futuro em outro clube.

Outra bronca dos líderes do time era uma suposta falta de ambição da diretoria, que ao longo da última temporada se contentava em não brigar pela terceira colocação, aceitando passivamente e publicamente a supremacia de Monaco, Nice e PSG.


BASE?
Do elenco atual, o Lyon conta com apenas 11 jogadores da base. São eles:

Os três goleiros, Mocio, Gorgelin e Lopes; o zagueiro Diakhaby; os volantes Martins-Pereira e Ferri; os meias Grenier, Fekir e Aouar; e os atacantes Maolida e Gouri.

Do time considerado titular, apenas Lopes, Ferri e Fekir são oriundos da base. O que soa incoerente com um Lyon que até poucos anos já conseguiu colocar, em alguns momentos da Ligue 1, um time inteiro formado em casa dentro de campo.




PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Com quatro rodadas do Campeonato Francês, o que já deu pra perceber é uma solidez defensiva muito maior em relação ao time anterior. Marcelo parece trazer mais equilíbrio no miolo de zaga e a lateral esquerda, seja com Marçal ou Mendy, já teve uma sonora melhora. Tete defende bem e já traz um entrosamento com o ponta direita Traoré desde os tempos de Ajax. O meio de campo ainda é uma incógnita. Não se sabe se Ferri segura a titularidade e Diop e N’Dombélé podem pedir passagem (ambos ainda não estrearam). Já na frente, Traoré e Mariano Díaz são excelentes surpresas e poderiam fazer um estrago se Lacazette ainda estivesse no elenco.

Esse time não é o melhor do Campeonato Francês, mas tem espírito aguerrido, é jovem, forte e tem muito potencial. Se for bem treinado e conseguir um entrosamento maior, pode trazer boas expectativas para o torcedor.

FOTOS: olweb.fr / Media 365 / Iconsport

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